O Decreto
Federal de 20 de agosto de 2003, publicado no Diário Oficial da União, seção 1,
edição 161, página 5, de 21 de agosto de 2003 institui o Dia Nacional da
Caatinga, a ser comemorado no dia 28 de abril de cada ano. A data homenageia o
professor João Vasconcelos Sobrinho (1908-1989), pioneiro na área de estudos
ambientais no Brasil. O Dia Nacional da Caatinga foi celebrado oficialmente
pela primeira vez no Seminário “A Sustentabilidade do Bioma Caatinga“, ocorrido
nos dias 28 e 29 de abril de 2004 em Juazeiro, na Bahia.
Caatinga é
um termo de origem Tupi-Guarani e significa floresta branca. O termo resulta da
combinação dos elementos ca-a (floresta), tî (branco) e o sufixo ngá, (que
lembra). A razão para esta denominação reside na aparência que a floresta
revela durante a estação seca, quando a quase totalidade das plantas estão sem
folhas e os troncos brancos e brilhosos, extraordinárias estratégias para
diminuir as perdas de água nesta estação. Outra estratégia destacável são as
folhas modificadas na forma de espinhos. Com esse conjunto mínimo de adaptações
à deficiência hídrica, a Caatinga se mostra como uma vegetação xerófila,
espinhosa e caducifólia, de certo, seus aspectos mais nítidos. Carl von Martius
(1794-1868) renomado botânico alemão que esteve no Brasil no século XIX,
referiu-se a caatinga como silva horrida (floresta feia). Verdadeiramente,
parece não existir beleza e alegria em algo seco e branco, no entanto, quando
as primeiras chuvas caem sobre a caatinga uma extraordinária explosão de cor e
vida emerge, numa mudança repentina de paisagem das mais espetaculares do
mundo.
Flor da Caatinga
Essa
cobertura vegetal exclusivamente brasileira é singular, ou seja, não é
encontrada em nenhum outro lugar do mundo além do Nordeste do Brasil. Ocupa uma
área de aproximadamente 900 mil quilômetros quadrados englobando de forma
contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. Durante muito
tempo a Caatinga foi descrita como ecossistema pobre em espécies e endemismo.
No entanto, estudos recentes apontam o contrário. A flora já levantada registra
aproximadamente mil espécies, das quais um terço são espécies endêmicas
(exclusivas). Estima-se que o total de espécies vegetais alcance 2 mil a 3 mil.
Ademais, mamíferos, peixes, aves, répteis e anfíbios superam mil espécies com
um nível de endemismo bastante variado. É desse patrimônio biológico que o
sertanejo obtém madeira, carvão, carnes, frutas, plantas medicinais, fibras,
mel e forragem para os rebanhos.
Infelizmente,
o mau uso e ocupação da terra pelo Homem têm, há tempos, levado um estresse
ambiental à caatinga sem precedentes na história. As razões para esse
desmantelamento da caatinga tem sido o uso da mata nativa para lenha e carvão e
o avanço de polos agropecuários. Para dar uma ideia da velocidade da
destruição, entre 2002 e 2008, a caatinga foi removida o equivalente a
1.657.600 campos de futebol, conforme o estudo.
(ARNÓBIO
CAVALCANTE é pesquisador-adjunto, ecólogo do Ministério da Ciência e Tecnologia
em exercício no Instituto Nacional do Semiárido)
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